A História que Habita a Minha Cabeça
Ali estão eles, numa casa cheia de amigos, cada um jogado a um canto depois de uma noite de diversão, alguns a dormir outros apenas a existir.
Ela não está bem, sente-se triste, por alguma razão desconhecida.
Ele percebe que ela não está dentro de casa com o grupo. Vai até à varanda procura-la, mas vê que ela está na rua sentada num banco de frente para o mar.
Ele desce para ir ter com ela.
"Não te vi sair, estás aqui há muito tempo?"
Ela simplesmente encolhe os ombros.
E ali ficam os dois, sentados, sem dizer nada. Por alguma razão o silêncio é confortante, ambos sabem o que se passa e também sabem que nem sempre é preciso falar para nos sentirmos melhor.
"Há vezes que penso simplesmente em entrar no mar e deixar-me levar."
"E porque farias isso?"
"Simplesmente para saber até onde vai. Ou para poder chegar ao infinito. Na verdade não sei."
Ela levanta-se e avança em direção à praia. Ele vai atrás dela.
O passo vai acelerando, cada vez mais, e por fim já correm um atrás do outro.
Ele consegue alcançá-la e puxa-la para si, fazendo-a rodopiar.
Quando chegaram à beira mar pararam. Ao sentir a água fria tocar-lhe os pés, inspirou profundamente, mexeu levemente os dedos dos pés e fechou os olhos.
Há muito que se sentia dormente e agora parecia que voltava a sentir pela primeira vez.
Ele abraçou-a por trás e deixou-se estar ali a aconchega-la.
Quando chegou o tempo dela, pegou na mão dele e iniciaram o caminho de volta a casa.
"Se eu me deixa-se levar pelo mar, tu irias comigo?"